Pesquisa quantitativa: Mulheres Designers 40+

Larissa Pessoa
6 min readAug 30, 2021

Como segunda parte do estudo sobre “Pessoas 40+: corpo, carreira e tecnologia”, trago mais detalhes sobre a pesquisa quantitativa.

Para saber mais, clique aqui para ir para o texto de introdução ao tema.

Sobre a minha pesquisa

Como designer, resolvi estudar estes temas e relacioná-los ao meu dia a dia, e entender melhor como podemos pensar em produtos e serviços que também olhem para o público da economia prateada (mais de 50 anos).

E para pensar em produtos, precisamos ouvir estas pessoas que têm necessidades de consumo, mas também aquelas pessoas que criam os produtos. E aí pergunto: Como as pessoas designers estão envelhecendo e evoluindo na sua carreira profissional?

Fase 1: Pesquisa quantitativa

O público-alvo da pesquisa foi "mulheres designers 40+" (designer gráfico e designer digital).

Um questionário online foi disponibilizado no período de 24/05/21 a 24/06/21, via Linkedin e Facebook, resultando numa amostra de 47 respostas.

A maioria que respondeu é mulher cisgênero (100%), branca (76,6%) e tem entre 40 e 49 anos (93,5%).

Respostas para “identidade de gênero” —cisgênero(100%) Total: 44 respostas Respostas para “faixa etária” —40 a 49 anos(93,5%), 50 a 59 anos(4,3%), 60 a 69 anos(2,2%) Total: 46 respostas
Respostas para "Sua raça é" —  branca(76,6%), preta(12,8%), amarela(6,4%), parda(4,3%), indígena(0%) Total: 47 respostas

Sobre falar a idade que tem, 76,6% respondeu que “sim, falo tranquilamente”, mas 12,8% respondeu que “sempre evitar falar” e 10,6% “não se sente à vontade”.

Respostas para “você se sente à vontade para falar a idade que tem?” — sim, falo tranquilamente(76,6%), sempre evito falar(12,8%), não me sinto à vontade(10,6%), Total: 47 respostas

Para entender melhor sobre as oportunidades na carreira e regionalidade, perguntei sobre a cidade/país em que nasceu e onde mora atualmente. Sobre "onde nasceu", a maioria das respostas foram Sudeste (58,7%) e Sul (26,1%). Seguidos de Nordeste (13%), Centro-oeste (2,2%) e Norte (0%).

Já em relação ao local que mora atualmente, percebe-se que houve um aumento nas regiões Nordeste (14,3%), Centro-oeste (9,5) e Norte (2,4%) comparando com os locais onde nasceram. E houve uma diminuição em Sudeste (50%) e Sul (23,3%).

O aumento das mudanças para Nordeste, Centro-oeste e Norte pode estar relacionado às mudanças nas formas de trabalho na pandemia, como o modelo de trabalho remoto que possibilitou mais flexibilidade em algumas áreas. A mudança para outros países também esteve presente nas respostas.

Ao perguntar se estas mulheres precisaram sair da sua cidade/país em busca de novas oportunidades de trabalho, 34% respondeu "sim".

Para compreender o cenário de busca por aprendizado e capacitação, perguntei sobre formação profissional, onde 48,9% respondeu que tem "Pós-graduação" e 14,9% tem "Mestrado". Já sobre cursos de especialização na área de Design, 91,5% respondeu que costuma fazer "cursos online" e 34% costuma fazer "cursos presenciais".

Respostas para “escolaridade:” —pós-graduação(48,9%), ensino superior(27,7%), mestrado(14,9%), outros(4,3%), ensino médio(2,1%), doutorado(2,1%) Total: 47 respostas
Respostas para “sobre cursos de especialização na área de Design, você costuma fazer quais?” -cursos online(91,5%), cursos presenciais(34%), não costumo fazer cursos de especialização(4,3%) Total: 47 respostas

Sobre carreira, quis entender melhor a forma de contratação e oportunidades na carreira. Assim, 59,6% das entrevistadas estão contratadas como "CLT", 23,4% trabalha como "Freelancer", 12,8% respondeu "desempregada" e 4,3% está como "PJ".

Em relação à área que trabalha atualmente, as mais citadas foram, UX Design (48,9%), Design gráfico (23,4%), Visual design (21,3%) e Product Design (19,1%).

Sobre transição de carreira, houve um equilíbrio entre as resposta de "sim" e "não", ambas com 47,8% de respostas. E uma parcela que apresentou interesse em fazer transição de carreira representando 4,3% das respostas marcando a opção "ainda não, mas tenho vontade".

Das 47,8% que respondeu "sim" para transição de carreira, citaram as seguintes mudanças para área de: Marketing, UX design, UX Research,
Product Design, Design Ops, Desenvolvimento Web, Chatbots.

E sobre a área de interesse e identificação, "Design" foi o mais citado com 89,4%, seguido de "Tecnologia" com 70,2%, "Arte" com 63,8% e "Comunicação" com 59,6%. Outros temas que também são de interesses: negócios, antropologia, marketing, filosofia, neurociência, história e política.

Das pessoas entrevistadas, 66% participa ou já participou de comunidades na área de design e tecnologia.

Com o crescente surgimento de ferramentas e frameworks no dia a dia da pessoa de Design, perguntei sobre o uso de softwares que costumamos usar para design de interface, como o sketch, figma, adobe XD, etc. Assim, 57,4% respondeu que se sente "confortável" usando as ferramentas, já 25% respondeu "um pouco desconfortável no começo" e 4,3% respondeu "acho difícil o uso".

Ainda sobre o uso de tecnologia, perguntei sobre jogos eletrônicos. A maioria das respostas foi "até que gosto, mas não tenho o costume de jogar" com 36,2%. Mas também teve uma parcela de 17% que respondeu "amo, jogo sempre que posso" e 14,9% respondeu "às vezes jogo".

Pensando ainda na relação corpo e oportunidade na carreira, perguntei sobre maternidade. Das 47 respostas, 51,1% é mãe. Esta pergunta é pertinente no estudo, levando em conta as várias jornadas de trabalho, estudo e cuidar dos filhos, e como pode influenciar na carreira das mulheres.

E pra finalizar, ainda pensando na ideia de que vida pessoal e vida profissional estão completamente ligadas, e há quase 2 anos vivendo em pandemia e em alguns casos, a empresa e casa estão mais ligadas que nunca, perguntei "o que costuma fazer como lazer, diversão e prazer?".

Das respostas, 83% foi "passeio ao ar livre", 76,6% foi "conhecer novos lugares" e 68,1% foi "provar uma boa comida e um bom vinho". Também citaram: leitura, esportes, dança, artes manuais, yoga, meditação e jogos eletrônicos.

O aprendizado

A pesquisa quantitativa trouxe algumas reflexões e oportunidades de melhoria para uma próxima pesquisa.

As escolhas das perguntas foram baseadas em objetivos de conhecer mais o público: gênero, raça, classe social, regionalidade, maternidade, carreira e interações com a tecnologia, lazer e diversão.

Percebi que há oportunidade de melhoria no questionário sobre identidade gênero. Se for possível, sempre deixar mais claro o que é "cisgênero", pois muitas pessoas não conhecem o termo.

campo sobre identidade de gênero: questionário "Mulheres Designers 40+

Depois que eu já havia aplicado o questionário, participei do Masterclass de Linguagem inclusiva com Thaly Sanches, e percebi que podemos ter outras formas mais inclusivas na abordagem. Aí é válida a reflexão para o estudo dos campos de respostas.

E outro ponto de melhoria foi sobre Carreira. Uma das entrevistadas me procurou e disse que faltou uma opção de "empreendedora", pois segundo ela é diferente de "freelancer". E acho super válido a recomendação que ela me fez, até como um posicionamento para nós mulheres (dica anotada!).

campo sobre carreira: questionário “Mulheres Designers 40+

Além desses aprendizados para melhor um questionário de pesquisa, também pude ver que muitas mulheres estão em momento de transição de carreira ou pensam em mudar em breve. E que a maioria participa de comunidade de Design e Tecnologia, que é uma força de colaboração bem forte e importante neste momento de transição.

Próximos passos

Fase 2: pesquisa qualitativa

Em breve, mais atualizações.

Obrigada.

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