Pesquisa quantitativa: Mulheres Designers 40+
Como segunda parte do estudo sobre “Pessoas 40+: corpo, carreira e tecnologia”, trago mais detalhes sobre a pesquisa quantitativa.
Para saber mais, clique aqui para ir para o texto de introdução ao tema.
Sobre a minha pesquisa
Como designer, resolvi estudar estes temas e relacioná-los ao meu dia a dia, e entender melhor como podemos pensar em produtos e serviços que também olhem para o público da economia prateada (mais de 50 anos).
E para pensar em produtos, precisamos ouvir estas pessoas que têm necessidades de consumo, mas também aquelas pessoas que criam os produtos. E aí pergunto: Como as pessoas designers estão envelhecendo e evoluindo na sua carreira profissional?
Fase 1: Pesquisa quantitativa
O público-alvo da pesquisa foi "mulheres designers 40+" (designer gráfico e designer digital).
Um questionário online foi disponibilizado no período de 24/05/21 a 24/06/21, via Linkedin e Facebook, resultando numa amostra de 47 respostas.
A maioria que respondeu é mulher cisgênero (100%), branca (76,6%) e tem entre 40 e 49 anos (93,5%).
Sobre falar a idade que tem, 76,6% respondeu que “sim, falo tranquilamente”, mas 12,8% respondeu que “sempre evitar falar” e 10,6% “não se sente à vontade”.
Para entender melhor sobre as oportunidades na carreira e regionalidade, perguntei sobre a cidade/país em que nasceu e onde mora atualmente. Sobre "onde nasceu", a maioria das respostas foram Sudeste (58,7%) e Sul (26,1%). Seguidos de Nordeste (13%), Centro-oeste (2,2%) e Norte (0%).
Já em relação ao local que mora atualmente, percebe-se que houve um aumento nas regiões Nordeste (14,3%), Centro-oeste (9,5) e Norte (2,4%) comparando com os locais onde nasceram. E houve uma diminuição em Sudeste (50%) e Sul (23,3%).
O aumento das mudanças para Nordeste, Centro-oeste e Norte pode estar relacionado às mudanças nas formas de trabalho na pandemia, como o modelo de trabalho remoto que possibilitou mais flexibilidade em algumas áreas. A mudança para outros países também esteve presente nas respostas.
Ao perguntar se estas mulheres precisaram sair da sua cidade/país em busca de novas oportunidades de trabalho, 34% respondeu "sim".
Para compreender o cenário de busca por aprendizado e capacitação, perguntei sobre formação profissional, onde 48,9% respondeu que tem "Pós-graduação" e 14,9% tem "Mestrado". Já sobre cursos de especialização na área de Design, 91,5% respondeu que costuma fazer "cursos online" e 34% costuma fazer "cursos presenciais".
Sobre carreira, quis entender melhor a forma de contratação e oportunidades na carreira. Assim, 59,6% das entrevistadas estão contratadas como "CLT", 23,4% trabalha como "Freelancer", 12,8% respondeu "desempregada" e 4,3% está como "PJ".
Em relação à área que trabalha atualmente, as mais citadas foram, UX Design (48,9%), Design gráfico (23,4%), Visual design (21,3%) e Product Design (19,1%).
Sobre transição de carreira, houve um equilíbrio entre as resposta de "sim" e "não", ambas com 47,8% de respostas. E uma parcela que apresentou interesse em fazer transição de carreira representando 4,3% das respostas marcando a opção "ainda não, mas tenho vontade".
Das 47,8% que respondeu "sim" para transição de carreira, citaram as seguintes mudanças para área de: Marketing, UX design, UX Research,
Product Design, Design Ops, Desenvolvimento Web, Chatbots.
E sobre a área de interesse e identificação, "Design" foi o mais citado com 89,4%, seguido de "Tecnologia" com 70,2%, "Arte" com 63,8% e "Comunicação" com 59,6%. Outros temas que também são de interesses: negócios, antropologia, marketing, filosofia, neurociência, história e política.
Das pessoas entrevistadas, 66% participa ou já participou de comunidades na área de design e tecnologia.
Com o crescente surgimento de ferramentas e frameworks no dia a dia da pessoa de Design, perguntei sobre o uso de softwares que costumamos usar para design de interface, como o sketch, figma, adobe XD, etc. Assim, 57,4% respondeu que se sente "confortável" usando as ferramentas, já 25% respondeu "um pouco desconfortável no começo" e 4,3% respondeu "acho difícil o uso".
Ainda sobre o uso de tecnologia, perguntei sobre jogos eletrônicos. A maioria das respostas foi "até que gosto, mas não tenho o costume de jogar" com 36,2%. Mas também teve uma parcela de 17% que respondeu "amo, jogo sempre que posso" e 14,9% respondeu "às vezes jogo".
Pensando ainda na relação corpo e oportunidade na carreira, perguntei sobre maternidade. Das 47 respostas, 51,1% é mãe. Esta pergunta é pertinente no estudo, levando em conta as várias jornadas de trabalho, estudo e cuidar dos filhos, e como pode influenciar na carreira das mulheres.
E pra finalizar, ainda pensando na ideia de que vida pessoal e vida profissional estão completamente ligadas, e há quase 2 anos vivendo em pandemia e em alguns casos, a empresa e casa estão mais ligadas que nunca, perguntei "o que costuma fazer como lazer, diversão e prazer?".
Das respostas, 83% foi "passeio ao ar livre", 76,6% foi "conhecer novos lugares" e 68,1% foi "provar uma boa comida e um bom vinho". Também citaram: leitura, esportes, dança, artes manuais, yoga, meditação e jogos eletrônicos.
O aprendizado
A pesquisa quantitativa trouxe algumas reflexões e oportunidades de melhoria para uma próxima pesquisa.
As escolhas das perguntas foram baseadas em objetivos de conhecer mais o público: gênero, raça, classe social, regionalidade, maternidade, carreira e interações com a tecnologia, lazer e diversão.
Percebi que há oportunidade de melhoria no questionário sobre identidade gênero. Se for possível, sempre deixar mais claro o que é "cisgênero", pois muitas pessoas não conhecem o termo.
Depois que eu já havia aplicado o questionário, participei do Masterclass de Linguagem inclusiva com Thaly Sanches, e percebi que podemos ter outras formas mais inclusivas na abordagem. Aí é válida a reflexão para o estudo dos campos de respostas.
E outro ponto de melhoria foi sobre Carreira. Uma das entrevistadas me procurou e disse que faltou uma opção de "empreendedora", pois segundo ela é diferente de "freelancer". E acho super válido a recomendação que ela me fez, até como um posicionamento para nós mulheres (dica anotada!).
Além desses aprendizados para melhor um questionário de pesquisa, também pude ver que muitas mulheres estão em momento de transição de carreira ou pensam em mudar em breve. E que a maioria participa de comunidade de Design e Tecnologia, que é uma força de colaboração bem forte e importante neste momento de transição.
Próximos passos
Fase 2: pesquisa qualitativa
Em breve, mais atualizações.
Obrigada.